Caixa de Ferramentas em Mediação: Técnicas e Procedimentos, Operacionalização das Intervenções e Impactos Esperados

Tania Almeida
Mestranda em Mediação de Conflitos. Consultora, pesquisadora e docente em Mediação de Conflitos e em Facilitação de Diálogos. Preside o MEDIARE – Diálogos e Processos Decisórios. Médica. Pós- Graduada em Neuropsiquiatria, Psicanálise, Sociologia e Gestão Empresarial.

 

Introdução 

Aquele que precisa fazer uso de instrumentos para o desempenho exitoso de uma determinada atividade, profissional ou não, deve saber reunir um conjunto de ferramentas que lhe sejam úteis para o exercício de sua arte ou ofício (Novo Aurélio 1999).  Ferramentas reunidas, é preciso habilidade para eleger com adequação aquela que deve ser utilizada a cada momento e para manuseá-la com a propriedade que a situação exige.

A principio, a eleição adequada e o manuseio apropriado das ferramentas tendem a proporcionar eficácia e efetividade ao resultado.  Entretanto, importante considerar que são múltiplos os fatores a influir na qualidade do impacto esperado.

Como em outras práticas, o impacto obtido pelo uso de uma determinada ferramenta não guarda necessária relação de linearidade com o impacto esperado.  Impactos constroem-se na interação: existe uma interdependência interativa entre o sujeito objeto da intervenção, aquele que a pratica e a ferramenta em si.

A sustentabilidade do impacto obtido é, também, de difícil previsíbilidade, uma vez que será igualmente influenciada pela contribuição ou interferência de outros fatores, como as redes de pertinência, o timing de cada participante do processo, o momento em que a intervenção é realizada e os cenários afetivos e socioculturais dos sujeitos objetos da intervenção.

A compilação das técnicas e procedimentos, ora retratada, inspirou-se na observação da prática da Mediação – simulada e real; social e privada –, com clientes de diferentes faixas etárias e condições socioculturais, e não tem a pretensão de abranger todas as possibilidades.

A autonomia da vontade – princípio fundamental da Mediação – está sendo considerada como pressuposto para esse cenário de trabalho, em seu amplo espectro: escolha do instrumento, dos mediadores, dos procedimentos, da extensão do sigilo, dos itens da pauta de negociação, das alternativas e da solução final, da abrangência do acordo, da maior ou menor formalidade conferida ao encaminhamento dado ao texto do acordo, para citar apenas alguns elementos de sua expressão.

O formato adotado nas tabelas que seguem abaixo – técnicas e procedimentos, operacionalização da intervenção e impacto esperado –, teve como referência o interesse continuamente manifestado pelos alunos por esses três elementos.

A divisão das ferramentas em grupos temáticos – etapas do processo, ferramentas procedimentais, ferramentas de comunicação e de negociação – vem atender a uma necessidade didático-pedagógica. Reconhecemos que a sub-divisão proposta admite outras possibilidades de agrupamento e que algumas ferramentas poderiam ocupar mais de um grupo temático.

A linguagem empregada procurou ser concisa, para que a caixa de ferramentas pudesse atender a distintos públicos discentes e ser de fácil manuseio.

Caixa de Ferramentas é uma metáfora usualmente empregada na prática da Mediação para designar o conjunto de técnicas e procedimentos utilizado na dinâmica do processo. 

 

* Este texto integra uma pesquisa desenvolvida por Tania Almeida, dedicada a identificar os aportes técnicos e procedimentos utilizados na Mediação de Conflitos, sua operacionalização e impactos (resultados). Sua primeira redação data de 2005 e foi revisada e ampliada por Tania Almeida e Samantha Pelajo em 2008/2009. O texto encontra-se em fase de publicação, está acessível em www.mediare.com.br e não poderá ser reproduzido no todo ou em parte.